quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Quem é você?

Quem me conhece sabe o quanto eu sou adepta as chamadas "leituras de mulherzinha". São crônicas e literaturas sobre mulheres que normalmente são bem resolvidas de um lado e um grande desastre em outro (o emocional, é claro!). A parte o fato de não ser uma leitura muito rica, é leve, inspiradora, e traduz de uma forma descontraída conflitos interiores que toda a mulher um dia passa. Em resumo, são gostosinhas pra caramba de ler. Afinal, poucas sensações se comparam ao prazer de se identificar com sentimentos e conflitos íntimos dos outros, íntimos mesmo, aqueles que vêm acompanhados da frase "Pensei ser a única" e de um suspiro de alívio. Entre as inúmeras autoras desses divãs em folhas, está a Martha Medeiros, que, aliás, é a minha preferida dos tempos modernos. E hoje, ao saborear várias crônicas dela, espalhadas pela internet, me deparo com uma bem simples e antiga, onde ela se define através das coisas que gosta, e termina convidando todos que leem a fazerem o mesmo. Confesso que achei a proposta interessantíssima e logo de cara comecei a fazer a minha listinha mental, das coisas que gosto, das coisas que sou. Quem em seus momentos de introspecção nunca se perguntou quem é de verdade, e eu concordo com a Martha, você é o que você gosta e acrescento, o que você não gosta também faz parte do que você é.

Buenas, deixo de lado a introdução, quero me apresentar. Muito prazer, essa sou eu:

Sou o sorriso de criança. Sou o abraço demorado. Sou carinho nas costas. Sou a risada por motivos bobos. Sou a alegria de um reencontro esperado. Sou o segredo compartilhado baixinho. Sou clareza. Sou presença. Não sou o olhar no relógio quando estou com alguém. Sou o olhar nos olhos. Sou corpo, olhos e ouvidos mais que telefonemas e mensagens. Sou reticências no que vale a pena e sou ponto final no que me consome. Sou água tônica. Chás. Sucos gelados. Quando café, sou sem açúcar. Fora do café, sou açúcar disparado. Sou a sobremesa antes do almoço. Sou inverno, mas sou também o calor fora de época. Não sou chuva e não sou sol, Sou dias nublados. Sou vento norte, e sou também os bons presságios que ele traz. Sou Clarice, sou Caio, sou Tarsila, sou Mario, sou Martha e sou Tati. Sou livros e livros. Rock. MPB. Pop. Já fui filme de terror, hoje sou água com açúcar e ficção. Sou gatos. Cachorros pequenos.  Sou gatos. Muitos peixes coloridos num aquário bem grande. Sou gatos. Sou o friozinho na barriga quando vou encontrar alguém que gosto muito. Sou a ida no bar com os colegas no intervalo das aulas. Sou maquiagens. Esmaltes vermelhos. Bolsas grandes. Perfumes doces. Batom clarinho. Brincos, anéis e colares. Pijamas, pantufas e polainas. Sou cabelos compridos. Sou campo. Areia. Paisagens. Sou a nostalgia nos finais de tarde. Sou surpresas. Sou encontros ao acaso. Sou cada um dos meus amigos. Sou criança. Sou toque nas mãos, nos ombros, na nuca, no coração. Sou noite. Sou dança. Sou temperos. Sou maionese em excesso que não faz bem. Sou comida chinesa.  Peixe frito com limão. Sou tudo que há na terra que seja com camarão. Sou saladas. Sou sorvete no inverno. Sou o chocolate da carência. Sou o andar de mãos dadas, sou citações de Machado de Assis e Vinícius de Moraes, canções sussurradas ao pé do ouvido, declarações rasgadas, bilhetes escritos à mão e sou toda sorte de pieguices românticas. Sou o bom-dia dado a Deus no amanhecer, a conversa em pensamento durante o dia, e sou o agradecimento antes de dormir.  Sou cinema com pipoca e balas azedinhas e sou o cinema embaixo das cobertas também. Sou o caminhar descompromissado para pensar na vida. Sou o olhar distante. Turbilhão de pensamentos. Cabeça a mil antes de cair no sono. Sou mais sim do que não. Sou a liberdade em se contradizer. Sou uma hoje. Sou outra amanhã. Sou a mesma sempre.

E aí, do que você gosta? Quem você é?

Um comentário:

  1. Muito interessante, curti muito, obrigada pelo comentário, estou seguindo.
    Escreves muito bem! *-*

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