domingo, 14 de agosto de 2011

A Garota do Papai!!

Segundo domingo de agosto, data que para muitos vem acompanhada de uma multidão de lembranças boas. São presentes, demonstrações de carinho, palavras de amor, passeios, programas inusitados, e no final do dia, o saldo de mais um ano comemorado ao lado de quem se ama, ao lado de quem é herói, ao lado do pai. Para mim, as lembranças boas são compactadas em 5 anos de convívio e muito amor, depois foram substituídas por uns 6 anos de um vazio enorme, uma espera que não acabava nunca e a falta de respostas que me convencessem, ou simplesmente me fizessem entender. Após esses 11 anos de vida, já não consigo detalhar com precisão os sentimentos que seguiram, mas posso afirmar que foram anos tentando entender o porquê e pensando que se tivesse o meu amigo, o meu herói aqui do lado, tudo seria diferente.
O que mudou hoje? Não, ainda não entendo porque fui privada da presença dele, havia tantas coisas para passar ao lado do meu pai, mas penso que não cabe a mim tentar entender, buscar respostas é uma tarefa pesada demais. Apenas aquietei meu coração, aceitando que há um motivo para tudo, que Deus sabe o que faz, como dizem as vovós. E é com serenidade que hoje, no amanhecer do dia dos pais, eu permiti que as lembranças boas viessem me visitar, e não é que vieram com tudo?
Lá está ela, a loirinha pequenininha apegadíssima ao pai, que pelas manhãs sentava no banco de trás do fusca vermelho, dizendo com convicção que iria "bataia" com o pai, e todos os finais de tarde, ao ouvir o barulho do carro chegando e o latido dos cachorros, se escondia atrás da porta do quarto e se preparava pela pergunta que a fazia rir baixinho, "Onde está a minha gaiota??" e em questão de segundos...."droga! o papai me descobriu de novo, deve ter sido minha risada", (é claro que nem me passava pela cabeça variar o esconderijo). Era uma rotina tão gostosa, passar o dia brincando de escolhinha, com direito a hora da merenda e tudo, montando casinha das barbies, fazendo bolos altamente artísticos de chocolate (barro), colhendo moranguinho com a mãe na horta, e ter o finalzinho do dia e até a hora de cair no sono, paparicando e sendo paparicada pelo pai. Faz tempo eu sei, mas minhas lembranças parecem não querer saber, estão sempre ali, bem nítidas, fresquinhas, escondidinhas, só esperando serem chamadas pela saudade, nostalgia ou qualquer outra sensação que nomeamos para justificar esses pensamentos que mexem com a gente, inquietam, por vezes doem, por vezes só provocam longos suspiros, mas que, mesmo hesitando, não dispensamos sentir. Talvez, apesar de saber que não é possível, haja um medo escancarado de que tudo se torne tão longe, tão distante, tão apagado, a ponto de parecer que não faz mais parte da vida. Quem sabe seja para isso que servem as lembranças. E o coração que acelera e aperta ao mesmo tempo, quando elas são acionadas. Lembrança do sorriso. Lembrança do orgulho pelas minhas pequenas descobertas. Ainda lembro da gargalhada na mesa do almoço quando eu perguntei quem tinha comido o picolé que eu havia deixado na geladeira, "e ainda por cima deixaram o papel e o palitinho", reclamei, com o beicinho de decepção. Lembro de quando eu era exibida para os amigos com orgulho, sempre levando o posto de "essa é a minha gaiota". Lembro das crises de alegria que eu tinha quando me levava junto ao trabalho. E como poderia me esquecer de quando finalmente ir na escolhinha deixou de ser uma brincadeira, e durante todo o primeiro ano do pré-escola, era o loiro de bigode que me levava até a porta e, nos vários primeiros dias, eu dizia toda faceira para quem perguntava, "esse é o meu pai". Hoje são lembranças, saudade e algumas fotos. Inconformidade? Não! Essa já deu os ares da graça por aqui e já partiu há muito tempo, junto com uma porção de sentimentos ruins. O que eu levo comigo é o coração agradecido pelos 16 anos que se passaram e que não conseguiram apagar nem um milímetro do amor e do orgulho por ser filha do homem, que soube ser filho, irmão, marido, pai, profissional dedicadíssimo (pelo que me contam), amigo e presente, em todos os anos que esteve aqui. Não importa quanto tempo terei que conviver com a saudade, com a falta do abraço, do beijo, dos conselhos que certamente receberia, uma certeza eu tenho...

 ...Serei sempre a GA-IO-TA do papai! Aonde quer que ele esteja, aonde quer que eu esteja.


2 comentários:

  1. Parabens bem bonito mesmo
    coisa linda!!!huahua
    continua assim !!!!! bjaum :)

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